4.28.2011

Sinopse.

Pó. Caverna. Luzes. Visões. Escuridão. Mulheres. Presságios. Perspectivas. Masculinidade. Diferença. Tragédia. Decisões. Canto. Morte. Paixão. Identidade. Escolhas. Equilíbrio. Desequilíbrio. Fragilidade. Força. Pó.

Buscamos ansiosos uma qualquer essência do mundo, fragilizados sempre pela nossa própria condição. Regressamos à clareira grega, à claridade, para talvez encontrarmos o lugar onde somos o nosso próprio manifesto.
A Antígona é o nosso ponto de partida, a “heroína” da tragédia de Sófocles, a antagonista, a que está anti-guião, anti-caminho proposto, a que está informe, contra o conforme, a que se iguala aos deuses quando os questiona no destino da missão humana. A partir dela vamos chegando a nós próprios – a viagem primeira - ao conflito, ao acordo, à contradição. Passamos por polos que se atraem e afastam, à procura de qualquer coisa que vislumbramos mas onde custa chegar. Desafiamo-nos uns aos outros e a nós mesmos, em busca do insuperável, do inatingível, na inutilidade da luta, na corrida que não acaba.
No conhecimento de si – encontramos o ímpeto revolucionário – as fontes obscuras da identidade humana. A ausência de significação comum. As “leis não escritas”.
E na responsabilidade autónoma de seres do mundo talvez seja o equilíbrio aquilo que perseguimos, o concílio efémero que emerge irresolúvel no meio de cada combate:

Antigona VS Creonte
Liberdade VS Imposições
Ética VS Política
Utopia VS Realismo
Perspectiva individual VS Exigência Pública
Humanismo instintivo VS Legalismo coactivo

Nesta transição crepuscular, neste assumir-se fora do encerramento seguro de polos que se afastam, expomo-nos, questionamo-nos, morremos e renascemos, e a cada instante escolhemos onde estamos, onde queremos ficar, o que queremos ser. Onde queremos viver.

Adriana Aboim (Directora Artística)

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